Recuperação Judicial da AgroGalaxy: Peculiaridades e alertas para o setor doAgronegócio

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A recuperação judicial da AgroGalaxy, principal empresa de insumos agrícolas do Brasil, provocou um sinal de alerta no mercado, demonstrando os desafios enfrentados pelo setor do Agronegócio

Por Bruno Chatack Marins e Júlia Ramos Silva

A AgroGalaxy é conhecida como uma das maiores fornecedoras de insumos agrícolas do Brasil. No entanto, recentemente, em 18 de setembro de 20241, a empresa ajuizou um pedido de Recuperação Judicial, destacando dificuldades financeiras decorrentes da crise no agronegócio, que, segundo a companhia, afeta o setor desde março de 2023.

O pedido de Recuperação Judicial foi deferido pela juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 19ª Vara Cível de Goiânia. O passivo judicial da AgroGalaxy atingiu o montante de R$ 3,7 bilhões e US$ 160 milhões, incluindo obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores.2

Referida crise tem sido marcada por uma queda significativa nos preços das commodities, condições climáticas instáveis e o aumento global dos custos de produção, resultando em impactos severos na liquidez e na capacidade da empresa de honrar seus compromissos. 

Além disso, a AgroGalaxy menciona ter enfrentado um alto índice de inadimplência entre os agricultores, queda nas vendas e receitas, além do impacto da elevação da taxa básica de juros (Selic) e da valorização do dólar. Tais fatores contribuíram para o aumento expressivo da dívida, resultando em um impacto drástico no fluxo de caixa da companhia.

A situação enfrentada pela AgroGalaxy acende um alerta no mercado, evidenciando os desafios do agronegócio diante de um cenário de clima instável, valorização do dólar e juros elevados.

Em um efeito cascata, apenas uma semana após o pedido da AgroGalaxy, a Portal Agro, outra distribuidora de insumos agrícolas, também ajuizou um pedido de Recuperação Judicial. Essa situação causa preocupação no setor do agronegócio, que já vinha enfrentando desafios macroeconômicos nos últimos anos, resultando em uma crise generalizada nas atividades dos produtores rurais, com fortes impactos negativos no setor e, especificamente, na operação de uma das maiores companhias agrícolas do país.

Além disso, a Recuperação Judicial da AgroGalaxy impactou severamente os fundos de investimento nas cadeias agroindustriais, conhecidos como Fiagros, que investem em ativos como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (“CRA”), esses certificados financiam projetos e empresas do setor. O mercado financeiro, no entanto, reagiu mal à presença dos CRA’s da AgroGalaxy e da Portal Agro em alguns portfólios de fundos, o que resultou na desvalorização desses ativos na Bolsa após o pedido de recuperação judicial das duas empresas.

O fundo JGP Crédito Fiagro Imobiliário (JGPX11), por exemplo, registrou uma queda de 18,6% em setembro, a maior entre os principais Fiagros do mercado. Outros cinco fundos também caíram mais de 10% no mesmo período. Por outro lado, entre os 41 Fiagros analisados pela B3, apenas cinco encerraram o mês de setembro em alta. O destaque foi o 051 Agro (FZDA11), que apresentou uma valorização superior a 20%.3

Segundo o diretor de Gestão de Risco Agropecuário do Ministério da Agricultura, Jônatas Pulquério, o pedido de recuperação judicial de uma das maiores redes de varejo de insumos agrícolas do país é um “sinal preocupante para o agronegócio brasileiro e, especialmente, para o mercado de capitais“.4

Pulquério alerta que essa situação pode gerar um “efeito cascata” entre parceiros e clientes, impactando diretamente a produção agrícola no Brasil. Destaca, ainda, que o agronegócio depende de uma cadeia integrada e sólida para garantir sua competitividade. “Eventos como esse podem minar a confiança de investidores e credores, tanto nacionais quanto internacionais, afetando o acesso ao crédito e ao capital necessário para impulsionar o setor”, afirmou.

Diante desse cenário, fica evidente que o agronegócio tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos, com reflexos em toda a sua operação. A queda nos preços das commodities, aliada a desastres naturais e instabilidades políticas e econômicas, tem levado muitas empresas agrícolas e produtores rurais à beira da falência.

O que antes eram crises pontuais no setor tem se transformado em uma crise sistêmica no agronegócio brasileiro. A ausência de políticas públicas eficazes tende a agravar essa crise, resultando em prejuízos não apenas econômicos, mas também sociais, comprometendo o crescimento efetivo do país.

1 Processo n.º 5887803-78.2024.8.09.0051 – 19ª Vara Cível da Comarca de Goiânia/GO.

2 https://www.canalrural.com.br/agricultura/justica-de-goias-aprova-pedido-de-recuperacao-judicial-da-agrogalaxy

3 https://www.infomoney.com.br/onde-investir/fiagros-caem-ate-18-em-mes-de-recuperacao-judicial-da-agrogalaxy-e-portal-agro/

4 https://einvestidor.estadao.com.br/ultimas/agrogalaxy-agxy3-recupercao-judicial-impacto-investidor/?gad_source=1&gclid=Cj0KCQjwsJO4BhDoARIsADDv4vAel1v-YMlcEkdj90rxH0OMhu8k1nP8mDFN3Edd4dnqJ3aSPUjbfr8aAi41EALw_wcB

ANDRÉ CORRADI

FORMAÇÃO ACADÊMICA

Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

André atua nas áreas de Direito Contencioso Cível Estratégico, envolvendo direito civil, recuperação judicial, dentre outros.

Tem experiência em responsabilidade civil, contratos, direito do consumidor e outros.

 

EXPERIÊNCIA

Ex-integrante da Equipe de Contencioso Cível Estratégico do Lobo de Rizzo Advogados.

Ex-integrante da Equipe de Arbitragem e Contencioso Cível Estratégico do Carvalho, Machado e Timm Advogados (CMT).

Ex-integrante da Equipe de Arbitragem e Contencioso Cível Estratégico do Mannheimer, Perez e Lyra advogados Advogados (MPL).

Foto - Thiago

THIAGO QUINTANILHA

Formação acadêmica

Graduado em direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – SP (PUC-SP).

Pós-graduado em Direito Tributário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Mestrando em Direito Econômico e Financeiro pela Universidade de Bologna, Itália.
Graduado em direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – SP (PUC-SP).
 

Pós-graduado em Direito Tributário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Mestrando em Direito Econômico e Financeiro pela Universidade de Bologna, Itália.

Graduado em direito na Universidade
Federal Fluminense (UFF), parcialmente cursada na Universidade Sophia
Antipolis (França).

Pós-graduado em Finanças e Contabilidade pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP).

Pós-graduado em Direito do Agronegócio pelo
Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA).

Especialista em Arbitragem, pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV).

ÁREAS DE ATUAÇÃO

Thiago Quintanilha de Almeida é sócio responsável pelas áreas de Contencioso Cível Estratégico e Empresarial.

Thiago Quintanilha de Almeida é sócio responsável pelas áreas de Contencioso Cível Estratégico e Empresarial.

EXPERIÊNCIA

Ex-integrante do Lefosse Advogados.

Ex-integrante do Rocha e Baptista Advogados.

Especialista em Contencioso Cível com ampla experiência em recuperação de
créditos.
Ex-integrante do Lefosse Advogados.

Ex-integrante do Rocha e Baptista Advogados.

Especialista em Contencioso Cível com ampla experiência em recuperação de
créditos.
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